14/06/2012

Uma janela para amizade

Ouvi este conto durante uma pregação do meu pastor Ricardo Gondim e resolvi compartilhar, me atrevendo a mexer em alguns pequenos detalhes...

Dois homens estavam internados em um hospital, ambos com enfermidades graves, sem previsão de alta, com o passar dos dias, os dois foram selando uma boa amizade. Passavam horas e horas conversando, compartilhando experiências e assim iam se espairecendo de suas condições.

Um deles, apesar de muito doente, conseguia se sentar na cama, o outro, não conseguia sequer mexer o pescoço. Ao se compadecer do amigo, o que conseguia se erguer contava o que se passava além da janela.

O rapaz que não podia se levantar ficava encantado só de imaginar a pracinha em frente ao hospital com tantos detalhes bonitos que seu amigo descrevia com cuidadosa minúcia.

- Hoje a praça está cheia de crianças, umas jogando bola, outras empinando pipa... Mais adiante, tem alguns casais namorando, dando pipoca um na boca do outro. Bem longe eu avisto uns carros passando, tão distante que nem dá pra ouvir o barulho do motor... - Contava o amigo.

Os dias se passavam desta maneira, até que um dia pela manhã o rapaz que estava sempre deitado ao acordar, vê enfermeiros arrumando a cama vazia do colega e recebe a noticia que seu companheiro morreu dormindo, sem sofrer. As lagrimas tomaram conta do olhar aflito daquele homem já tão enfermo, e agora sem companhia.

Mais tarde, durante exames de rotina, ele perguntou a enfermeira se poderia ser colocado na cama do amigo para ficar próximo a janela. Seu pedido foi atendido e ao ser posto na cama, ele pediu se era possível erguer o leito para que pudesse olhar para janela. Sua cama foi erguida e quando ele finalmente teria a oportunidade de ver a bela pracinha, ele tem uma desagradável surpresa.

A janela dava para o fundo do hospital, de frente para um paredão branco, nada de pracinha, nada de crianças... Sem entender, ele perguntou a enfermeira "Olha, meu falecido amigo me contava o tempo todo sobre uma praça que tinha crianças, casais de namorados, familias passeando, o que aconteceu?" - A enfermeira tão atônita quanto ele, esclareceu "Isso não é possível, além de não haver nenhuma praça, o rapaz que estava aqui era cego dos dois olhos desde os 10 anos..."

Durante muito tempo ele refletiu tentando entender porque seu querido amigo fazia aquilo... Até chegar a uma conclusão:

"Ele tinha ainda o vigor pra se erguer, mas não tinha a visão para contemplar o que havia ao seu redor, eu tinha visão, mas não tinha forças para usar esse sentido tão importante. Meu amigo quiz ser meus olhos e entregou uma boa parte de seus ultimos dias aliviando a minha dor, anestesiando minhas limitações com seus sonhos de menino, suas lembranças mais doces. A alegria em seu fim de vida era o bem estar do próximo."

Que essa pequena estória de imensurável valor renove sua fé em fazer o bem, não pensando no que pode ter em troca, mas porque vale a pena.